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  • Amamentação em tandem

    Foto de www.coletivoburiti.com.br



    Sim, podes continuar a amamentar o teu filho quando engravidas novamente. E sim, podes amamentar duas crianças de idades diferentes sem qualquer problema 🥰

    Os estudos mais recentes não mostram haver ligação negativa entre gravidez e amamentação do filho mais velho, pelo que não deve ser razão para o desmame – salvo se seja essa a vontade da mãe, claro.

    Pode ainda ajudar à mais fácil aceitação do “mano mais novo”, pois não haverá ligação entre a chegada deste e o desmame. Ambos farão parte deste ritual de forma natural e sem restrições ou afastamentos. Ajuda ainda na fase da “descida” do leite, pois o mais velho ajudará a drenar a mama com a sua perícia 😉

    A criança ou bebé mais velho pode notar uma diferença na produção de leite por volta do 5º mês de gestação, e pode estranhar ou adorar quando o colostro aparecer. Alguns vão voltar a mamar como se fossem recém-nascidos, podendo até desinteressar-se momentaneamente pela comida sólida. Outros vão acabar por deixar a maminha para o bebé que acabou de chegar 🤱🏻Todos os caminhos estão certos desde que faça sentido para a vossa família.

    Se te preocupa a quantidade de leite que o bebé recém-nascido mama, podes oferecer-lhe o peito primeiro e só depois ao mais velho. A livre demanda garantirá também que a cria pequena não fica sem o leite de que precisa 🙌

    Já conhecias esta modalidade de amamentação? Foi ou é o que estás a praticar?❤️


    #amamentação #amamentaçãoemtandem #desmamegradual #parentalidadeinformada #maternidadereal #psicologiaperinatal #posparto #gravidez #doulaemportugal

  • Stress Minoritário x Saúde Mental Perinatal

    Descobri, há tempos, numa formação em saúde mental no pós-parto, que apenas pelo factor “pertencer a uma minoria” já estamos em maior risco de sofrer perturbações psicológicas ou, pelo menos, de ter necessidade de algum apoio psicológico no período perinatal. Confesso que nunca tinha pensado nisto, embora olhando agora me pareça óbvio.

    O Modelo de Stress Minoritário aborda isto mesmo; o quanto estas agressões ou microagressões constantes, bem como o receio de sofrer das mesmas, já impactam, por si só, a saúde mental da pessoa grávida e a sua família.

    Deixo também para vocês, em jeito de “food for thought” e para relembraram o quanto nunca é demais estar alerta a quem nos rodeia.

    #stressminoritário#saúdemental#psicologiaperinatal#psicologia#psicologiaclinica#checkyourprivilege 😉

  • Baby Blues vs Depressão Pós-parto

    Afinal, qual a grande diferença? O que é esperado e será provavelmente passageiro vs quando se torna patológico e necessita de atenção profissional?

    • Os Baby Blues são um sintoma comum no pós-parto imediato. Não são uma perturbação mental, não te incapacitam e desaparecem ao fim de 2 semanas.
    • O que os causa? Que tal: mudança extrema e rápida nos níveis hormonais, falta de sono, adaptação a todo uma nova rotina, perda de identidade? Sim, e muito mais..!
    • O que podes fazer para ultrapassar melhor esta fase? Lembrando que é uma fase normal, acionando a rede de apoio, limitando visitas e obrigações, promovendo o auto-cuidado.
    • E se não passar? Ao final de duas semanas, caso os sintomas persistam e/ou piorem, podemos estar perante um cenário de Depressão Pós-Parto (Nota: algo na imagem que diga “alerta!”)
    • Se te sentes com tristeza profunda, incapacidade ou desinteresse em tomar conta do bebé, mudanças bruscas de humor, fadiga, insónias, desconexão e afastamento – procura ajuda profissional

    Guarda e partilha – informação é poder e rede de apoio faz toda a diferença ❤️

    #saudemental #saudementalperinatal #posparto #puerperio #babyblues #depressaoposparto #psicología #psicologiaperinatal

  • Sugestão de Livro #2

     “Amamentar, A Escolha Natural Para O Seu Bebé” da Cristina Leite Pincho

    Muito mais do que falar sobre amamentação, que fala e muito bem, diria que é um verdadeiro tratado sobre bebés e mães, sobre o que esperar dos primeiros tempos de recém-nascido e recém-mãe, sobre sono, biologia, necessidades reais, comportamentos normais e até sobre doulas e parto. Mais um must have!

    Li este livro quando estava grávida e foi-me “emprestadado” por uma querida amiga, acompanhado de uma frase que terá sido mais ou menos assim “Tem tudo sobre amamentação! Vais ver que ajuda muito. Mas se não conseguires, não faz mal!” 😊 E não faz! Há mil razões para não se conseguir ou não se querer amamentar, e por vezes é mesmo esse o caminho que temos. Mas diria que a maior das razões, a mais culpada, é a falta de informação e falta de apoio. Todos somos muito rápidos a sugerir que o leite da mãe já não sustenta, a sugerir leites adaptados, chupetas, a dizer que o bebé chora porque tem fome, o leite deve ser fraco, que a mãe precisa é de dormir, que não seja fundamentalista, que se dói assim tanto mais vale parar, e raramente somos rápidos a perguntar o que precisa, o que realmente a pode ajudar, que está a dar o seu melhor e nós estamos ali para o que ela precisar, ou mesmo perguntar se já contactou algum profissional qualificado na área. Ahh.. todo um outro tema este dos profissionais de saúde desinformados..! 😞

    Este livro aborda tudo isto e muito mais. A sério, vão ler! Uma mulher-mãe-doula-ibclc-inspiração com quem temos tanto a aprender 😊 

    #livrodomes#maternidade#amamentacao#doulaemportugal#parentalidadeinformada#posparto

  • 7 dicas de amamentação para o pós-parto

    São 7 mas podiam ser mais! Vamos saber mais?

    1 – Yep, couves! Não é uma piada Compra repolho (ou semelhante), lava as folhas e coloca no frigorífico. Cada vez que termina uma mamada, coloca uma folha em cada mama e deixa que façam a sua magia. Vão refrescar a maminha que está quente, o que é muito comum nestes primeiros tempos, Quando estiverem meio cozidas, sabes que é hora de tirar. Repetir ao longo do dia sem limites!

    2 – Vamos lá pensar: o ser humano recém-nascido não sabe que está em 2022. Mais ainda, dentro da tua barriga não tem relógio e alimenta-se sem imposições. A história das 3h, do não fazer a digestão, do esperar para encher a mama e o leite ser melhor é tudo… bullshit! Mamar em livre demanda é o que vai manter a produção de leite em melhor forma, bem como responder ao que o teu bebé precisa. Por isso, não guardes as maminhas para horas certas – oferece sempre que o teu bebé pedir!

    3 – Esta é mesmo só isto: se dói, não está tudo bem. “Ah mas disseram-me que era normal”, “A enfermeira viu a pega e disse que estava bem”. Pois… mas dói? Então vamos rever isso “para ontem” antes que as dores piorem e tudo fique mais difícil – e algumas vezes bastam horas para se tornar um cenário complicado. Procura uma CAM ou IBCLC para te ajudar a resolver a peça que falta nesse puzzle e tornar o teu caminho de amamentação num caminho de sucesso.

    4 –  Já te disseram que o leite materno é bom para tudo? É mesmo! Aplica umas gotas na aréola e vais ver que ajuda bastante a regenerar a tua pele.

    5 – Esta é para quem teve o seu momento roubado na golden hour mas não só. Se não foi possível fazer pele com pele imediatamente após o nascimento, que tal fazer no recobro, na chegada ao quarto, em casa? E mesmo que tenham tido tudo a que têm direito, pele com pele é sempre bom e recomenda-se! Ajuda a regular a temperatura corporal do bebé, os batimentos cardíacos, ajuda a deixar fluir as hormonas, fomenta a vinculação, acalma o bebé. Enfim, tudo de bom para a amamentação e não só.

    6 – Saber como posicionar o bebé ajuda e muito na profundidade e eficácia da pega. A mãe e bebé devem estar barriga com barriga, o pescoço do bebé deve estar direito, bem apoiado, assim como a cabeça. Tudo o que deixe o bebé torto, pendurado, em esforço, desorganizado, vai fazer com que fique menos predisposto para concentrar todas as suas forças nesta tarefa. Muitas dores e dificuldades na amamentação são ultrapassadas só por mudarmos ou ajustarmos a posição em que o bebé mama. 

    7 – Esta aprendi com uma das minhas queridas e sapientes formadoras, Kely Carvalho. E ao que se refere ela? A que todas as interferências possíveis na amamentação, mesmo aquelas realmente necessárias, devem ser mantidas o mínimo de tempo possível. O bebé precisa de ser alimentado de outra forma que não diretamente na mama? A mãe tem necessidade de usar mamilos de silicone? Não há mesmo outro caminho? Ok, então vamos fazer com que saiam de cena rapidamente, dentro do possível, pois estão a colmatar uma necessidade mas não estão a favorecer o que vai realmente trazer sucesso à amamentação: pôr o bebé na mama e deixar que aprenda a mamar.

    Na tua experiência, usaste alguma destas dicas? O que mais te ajudou?

  • Na gravidez e no parto, o que é normal?

    Foto por Márcia Pires

    Ser usual não significa que é normal ou deveria acontecer. Vamos lá ver…

    ✔️ A gestação durar 42 semanas, é normal;
    ✔️ Um trabalho de parto que dura mais de 12 horas, que ora se desenrola de forma mais rápida ou lenta, é normal;
    ✔️ O bebé nascer com circulares de cordão à volta do pescoço, é super normal;
    ✔️ O bebé nascer arroxeado, é normal;
    ✔️ A cabeça do bebé “aparecer e voltar p’ra trás” ou um período expulsivo de 3 horas, é normal;
    ✔️ Induções longas, de 24h, 48h ou mais, são normais e, por vezes, o necessário para que o desfecho seja o menos intervencionado possível.

    Agora…
    ❌ Episiotomia (corte no períneo) NÃO É normal;
    ❌ Manobra de kristeller (empurrar a barriga para baixo), NÃO É normal;
    ❌ Ocitocina em todas as mulheres, sem indicação e por rotina, NÃO É normal;
    ❌ Parir em posição ginecológica, NÃO É normal;
    ❌ Ser proibida de se levantar e/ou movimentar e deambular durante o trabalho de parto, NÃO É normal;
    ❌ Ser privada de um acompanhante e uma doula, NÃO É normal;
    ❌ Ser privada de água e comida, NÃO É normal;
    ❌ Ser ameaçada, discriminada, humilhada, coagida durante o trabalho de parto, NÃO É normal;
    ❌ Não ser devidamente respeitada e tratada como protagonista do teu parto, definitivamente NÃO É normal.

    🔎 Existe uma diferença gigante entre eventos naturais da gestação e parto, e a violência obstétrica. Histórias de “terror” de partos, com ou sem maus desfechos, mas quase sempre com sequelas psicológicas (no mínimo!) têm quase sempre alguma ou muita relação com a assistência que foi oferecida, e não com o evento do parto em si. Prepara-te e conhece os teus direitos!

    Texto inspirado num original da @doulaepsigabi

    O parto é TEU! ❤️

  • Saúde Mental Perinatal, ou o grande elefante na sala

    Fotografia por Vanessa Gomes

    Estima-se que os transtornos de humor e ansiedade perinatal afetem 20-25% das mulheres. São, assim, a complicação mais comum no que toca à gravidez e ao parto. “E esta, hein?” 🤔 No entanto, pouco ou nada são falados, avaliados ou despistados pelos profissionais de saúde que assistem a mulher grávida ou puerpera, e a oferta de apoio no SNS é escassa. Mesmo a nível privado, a recomendação médica de buscar apoio psicológico não é comum, sendo muitas vezes a mulher ou a sua família a tomar a iniciativa de procurá-lo.

    Os sintomas de Depressão Pós-parto, Ansiedade, Síndrome de Stress Pós-traumático, entre outras, podem aparecer até 12 meses após o parto, e afetam a mulher mas também a sua relação com o bebé, vida familiar, laboral.

    Todo o tema está ainda envolto em desvalorização, sentimento de culpa, vergonha ou de “ter de aguentar”. É urgente desmistificar e normalizar para facilitar os pedidos de ajuda e de se chegar ao apoio necessário. Apesar do turbilhão do pós-parto, que é duro e exigente para todas nós, não é normal nunca conseguires dormir, ter pesadelos com o parto, não conseguires cuidar de ti ou do teu bebé, estar em constante estado de alerta ou tristeza profunda. Procura ajuda, oferece ajuda ❤️

  • O papel do pai no parto

    Foto de Krista Evans

    Falo sempre sobre este ponto nas sessões com os casais que acompanho enquanto doula. Não, o pai não vai só para tirar fotografias, não vai só fazer companhia, tampouco vai só cortar o cordão umbilical ou ver o filho/a nascer. Vai fazer isso tudo e muito, muito mais. 

    Vai segurar na mão e dizer que a mulher está a ir bem e é capaz. Vai ajudar a tomar decisões no decorrer do trabalho de parto. Vai garantir que a privacidade da mulher é respeitada. 

    Vai servir de lembrete constante do plano de parto que ambos criaram e também de que está tudo bem se tiverem de mudar a rota.

    Vai usar técnicas de alívio de dor, como massagens, ajudar a ir ao duche ou usar a bola de pilates. Vai ser o suporte quando a mulher quer deambular. 

    A experiência de assistir ao nascimento de um filho é só uma das partes. O papel principal será o de co-piloto desta travessia. Por isso sim, se for desejo da grávida que o pai seja o seu acompanhante no dia do parto, ele pode e deve estar nas sessões de preparação com a doula, para que também ele se sinta confiante e informado para o grande dia. 

    Vamos? 😊

  • Sugestão de Livro #1 – Os Bebés Também Querem Dormir”

    Li este livro ainda grávida e, tal como já ouvi dizer a outras mães sobre livros da Constança, salvou-me de noites em branco, mas mais ainda, de mitos geracionais sobre colo a mais e crianças manhosas. Ajudou-me enquanto mãe e, sem dúvida, enquanto psicóloga. Um must-read para a vossa lista!

    Foi com a Constança Cordeiro Ferreira que descobri a teoria de Neils Bergman sobre os tipos de mamíferos, a composição do seu leite materno e os comportamentos e necessidades das suas crias. Segundo este, temos quatro tipos de mamíferos:

    🐰 Mamíferos cache, os que guardam as suas crias na toca e cujo leite permite que os mesmos estejam longos períodos sem ser alimentados;

    🦒 Mamíferos follow, que seguem a mãe ao longo do dia, desde que nascem, alimentando-se constantemente de um leite menos rico em gordura e proteínas que o primeiro;

    🐈 Mamíferos nest, que nascem em ninhadas e ficam junto das mães e irmãos e cuja mãe se pode afastar mas volta muitas vezes e passa muito tempo junto das mesmas;

    🦘 Mamíferos carry, que precisam de se alimentar muitas vezes ao longo do dia, com um leite de fácil digestão, mas que nascem demasiado imaturos para seguir a sua mãe. Parece familiar? 🤨 Sim, além dos cangurus e dos morcegos, somos nós! 😍

    Por isto mesmo, é perfeitamente expectável e normal que o bebé queira colo, que goste de ser carregado, embalado, aninhado, que procure o conforto e cheiro da sua mãe e, de sublinhar, que seja alimentado em livre demanda! O relógio é uma invenção moderna, não é chamado para a amamentação 😉

    Esta é a estreia das sugestões de livros na área da gravidez e parentalidade – mais seguirão!

    “Os nossos recém-nascidos são, portanto, os mesmos há muitos milhares de anos. Nascem com as mesmas características, a mesma fisiologia, a mesma necessidade de serem carregados, de estarem continuamente junto ao adulto cuidador.”

    Constança Cordeiro Ferreira, aka Fada dos Bebés

    #psicologia#psicologiaperinatal#vinculo#apego#parentalidadeconsciente

  • 2021

    2021

    2021, o ano que começou ainda de licença (alargada) de maternidade, que me viu voltar ao trabalho já com vontade de sair. 

    2021, o ano em que fiz teletrabalho como já fazia há vários anos, mas desta vez com um bebé ao colo, a fazer sestas na mochila, na mama, à volta da secretária a esticar os bracinhos a pedir colo para participar em mais uma reunião de zoom. 

    2021, o ano em que me juntei, sem saber, ao movimento global apelidado de “the great resignation”. Após uma proposta, um acordo entre ambas as partes a que foi muito fácil chegar e assim disse adeus à empresa onde estive quase 10 anos (faltavam menos de 2 meses para o aniversário!). 

    2021, o ano em que deixei uma empresa onde entrei para trabalhar a part-time por 2 meses, em que fui ficando, onde apostaram em mim, onde cresci muito, aprendi mais ainda, fiz amigos que são família, viajei e conheci várias culturas, e da qual ainda falo como se ainda lá trabalhasse. Passei por vários projetos e, por fim, já não me sentia realizada. Realidade dura de processar. E o medo? E o privilégio que é poder aceitar, quer a nível financeiro, quer em ter ao meu lado alguém que me diz “vai, estou contigo”?

    2021, o ano em que, com um grande frio na barriga, aceitei que a passagem por ali estava a terminar, que era hora de dar mais tempo à psicologia, ao meu ofício enquanto doula, às famílias que me procuram, à minha paixão pela maternidade e também à minha familia.

    2021 foi ano de muito mais, mas foi o ano em que ser mãe (e todo o meu caminho até aqui) me deu força e asas para voar e “dar o salto” a nível profissional. E por aí, o que marca 2021 para ti? 

    Venha 2022!